Gari pai de santo recolhe trabalhos de macumba em floresta do Rio de Janeiro
Tudo começou quando os supervisores ficaram sabendo que Alexandre é pai de santo. “Contaram ao meu chefe que eu sou pai de santo e ele perguntou se eu gostaria de fazer esse serviço. Alguns garis, principalmente os evangélicos, têm medo de pôr a mão em pratos e alguidares” conta o babalorixá.
Como ele tem conhecimento sobre as práticas das religiões afrodescendentes, Alexandre faz seus próprios rituais para poder limpar a sujeira deixada pelos trabalhos. “Para retirar as oferendas eu me abaixo e peço licença em voz alta. Quando vejo a comida de um orixá, peço ‘agô’ (perdão), coloco a tigela no saco de lixo e o deixo num canto para o caminhão levar. O difícil é limpar padê (farofa de dendê), que voa no gramado”, diz.
O morador de Nova Iguaçu conhecido como ‘Pai Alexandre de Oxóssi’ respeita os trabalhos que foram recém-depositados na floresta e não desfaz as oferendas, mesmo quando percebe que a intenção do despacho é para fazer o mal. “Vejo fotos, nomes e até bonecos espetados com agulhas. Só não desfaço o trabalho de ninguém. Quem faz o mal vai arcar com as consequências”.
O Alto da Boa Vista é um local muito usado pelos adeptos dessas religiões e ter alguém com conhecimento desses rituais foi importante para a Comlurb e por isso Alexandre ganhou o posto oficial. “Encontrar quem sabe os fundamentos religiosos foi importante, pois ele sabe fazer a remoção e tem a maior facilidade em abordar os adeptos e pedir para não deixarem materiais espalhados, por exemplo”, diz o gerente da Companhia, Carlos Roberto da Silva.
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