Apesar do sincretismo religioso e do aumento dos desigrejados, é
possível ver que a mensagem tem alcançado cada vez mais pessoas
Qual será o futuro da igreja evangélica no Brasil?
O
crescimento das igrejas neopentecostais e o crescimento do número de
“desigrejados” é conflitante. Ao mesmo tempo em que a percepção da
população brasileira sobre os evangélicos é negativa, grandes empresas
começam a investir no mercado gospel e dar espaço para a música e shows
religiosos.
Afinal, qual é o momento da igreja no Brasil e qual
será o seu futuro? O tema foi debatido pelo reverendo Augustus Nicodemus
em um
texto publicado no blog “O Tempora! O Mores!” onde ele fala sobre o atual cenário evangélico no país.
Para
o pastor presbiteriano, é difícil olhar adiante e entender qual será o
futuro da igreja evangélica. Ele cita o crescimento de “seitas”
neopentecostais e mostra preocupação com o sincretismo religioso.
“Temo
que a continuar o crescimento das seitas neopentecostais e seus desvios
cada vez maiores do cristianismo histórico, poderemos ter uma nova
religião sincrética no Brasil, uma seita que mistura traços de
cristianismo com elementos de religiões afro-brasileiras, teologia da
prosperidade e batalha espiritual em pouquíssimo tempo”, afirmou.
Nicodemus
Lopes também se mostrou preocupado com eventos como o Festival
Promessas exibido pela Rede Globo nos últimos três anos. “Não me
preocupa tanto o fato de que a Rede Globo exibiu o show, mas a mensagem
que foi passada ali”, disse.
Para ele essas apresentações
mostraram que o louvor é o principal elemento do culto sem anunciar o
evangelho do arrependimento. “Promete vitórias mediante o louvor e a
declaração de frases de efeito e que ignora boa parte do que a Bíblia
ensina sobre humildade, modéstia, sobriedade e separação do mundo”.
A
forma superficial que, na visão do reverendo presbiteriano, o gospel
apresenta a mensagem de Deus vai impactar de forma negativa as gerações
futuras “especialmente na incapacidade de impedir a entrada de falsos
ensinamentos e doutrinas erradas”.
Teologia reformada em igrejas pentecostais
Augustus
Nicodemus Lopes tem notado que no caminho inverso desse movimento em
busca da prosperidade e do show gospel que muitas igrejas pentecostais
estão se voltando para a teologia reformada.
“Boa parte destes tem
tentado preservar algumas idéias e práticas características do
pentecostalismo, como a contemporaneidade dos dons de línguas, profecia e
milagres, além de uma escatologia dispensacionalista. Outros têm
entendido – corretamente – que a teologia reformada inevitavelmente
cobra pedágio também nestas áreas e já passaram para a reforma
completa”, diz.
Mídias sociais e a pregação do Evangelho
As
mídias sociais também impactarão o futuro da igreja? Na visão do
reverendo isso já está acontecendo, principalmente entre os chamados
desigrejados que estão usando as redes sociais para ouvir pregações,
fazer estudos e cursos teológicos.
” São cristãos virtuais que
‘freqüentam’ igrejas virtuais e têm comunhão virtual com pessoas que
nunca realmente chegam a conhecer. Admito o benefício da tecnologia em
favor do Reino. (…) Mas, não há substituto para a igreja local, para a
comunhão real com os santos, para a celebração da Ceia e do batismo,
para a oração conjunta, para a leitura em uníssono das Escrituras e para
a recitação em conjunto da oração do Pai Nosso, dos Dez Mandamentos.
Isto não dá para fazer pela internet. Uma igreja virtual composta de
desigrejados não será forte o suficiente em tempos de perseguição.”
O futuro das igrejas
Pensando
adiante, Nicodemus Lopes enxerga que é possível acontecer um verdadeiro
avivamento no Brasil e confessa que apesar do sincretismo religioso,
muitas pessoas estão conhecendo a Cristo.
“É inegável que Deus tem
agido salvadoramente e não são poucos os que têm sido chamados das
trevas para a luz, regenerados e justificados mediante a fé em Cristo
Jesus, apesar das ênfases erradas, das distorções doutrinárias e da
negligência das grandes doutrinas da graça”, disse.
Para ele isso
reflete o quão misericordioso é Deus. “Parece que o Espírito Santo se
compraz em usar o mínimo de verdade que encontra, mesmo em igrejas com
pouca luz, na salvação dos eleitos. Não digo isto para justificar o
erro. É apenas uma constatação da misericórdia de Deus e da nossa
corrupção. Se a salvação fosse pela precisão doutrinária em todos os
pontos da teologia cristã, nenhum de nós seria salvo.”
Fonte:
Gospel Prime