SOPA e PIPA estão na ordem do dia, mas como isso afeta o meio gospel?
Alguns sites tiraram suas páginas do ar por algum tempo ou exibiram mensagem de protesto, deixando-a preta. Grandes organizações como Google, Mozilla, AOL, além de redes sociais como LinkedIn, Facebook e Twitter se mostraram dispostas a lutar contra essa legislação. A Wikipedia ficou fora do ar durante toda a quarta. Paralelo a isso tudo, o FBI fechou o Megaupload, considerado o maior site de downloads do mundo.
Os projetos são vistos como censura e podem fazer com que seja retirada do ar qualquer página acusada de hospedar material que viole os direitos autorais. A imensa maioria das empresas de entretenimento, estúdios de cinema e gravadoras apoiam essas medidas, querendo acabar com os downloads ilegais. Entre elas está a Gospel Music Association, que defende os direitos dos artistas evangélicos nos EUA.
Depois de tanta movimentação e protestos, o líder da bancada democrata no Senado, Harry Reid, informou que a votação de SOPA e PIPA teve sua data adiada. Ou seja, ficou parada por tempo indeterminado. Um dos motivos é que o apoio público a essa legislação diminuiu consideravelmente nos últimos dias, e o próprio presidente Obama se disse contrário.
Um dia antes da decisão de Reid, um assessor democrata, disse que faltavam muitos votos para resolver uma dificuldade de ordem processual no Senado. A verdade é que alguns senadores retiraram o seu apoio quando os protestos começaram.
Embora pareça um problema “deste mundo”, a questão da pirataria também é discutida no meio dos evangélicos. Em especial por conta dos inúmeros sites e blogs que, apesar de se autointitular “gospel” reproduzem material que não lhes pertence. Isso vai desde matérias jornalísticas, passando por vídeos, músicas e filmes em diferentes formatos e até pregações.
Copiar algo sem autorização é o mesmo que roubar, segundo a interpretação das leis digitais. Curiosamente surgiu até uma religião que se diz baseada no princípio do “copia e cola”, chamada de Copimismo, e que já teria adeptos inclusive no Brasil.
Recentemente, o jornal Folha de São Paulo noticiou que enquanto o mercado secular é atingido em 62% com a pirataria, o gospel tem apenas 15% de seus produtos pirateados.
Artistas como a pastora Fernanda Brum tem uma explicação: “Nosso público é muito fiel, que entende que pirataria é pecado, é crime”.
A cantora Aline Barros, porém, se sente prejudicada: “Eu oriento as pessoas, digo que é errado. A Bíblia mesmo fala sobre isso: dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Quando você compra algo pirata, não está contribuindo. É errado. Tenho orado bastante para outros meios melhorarem essa questão”.
Nem todos os evangélicos pensam que distribuir cópias ilegais é errado, por isso não é difícil encontrar materiais falsificados em muitas lojas evangélicas. Ygor Siqueira diretor executivo da Graça Filmes vê a pirataria como “um problema muito sério e afeta diretamente a nós”.
Ele lembra que sua empresa tem muitos gastos, precisa pagar pelos royalties, pela dublagem e tradução de material estrangeiro, além dos muitos impostos cobrados no Brasil. Sobre o material disponível em sites gospel, ele é enfático: “Quando a gente pede para retirar as pessoas reclamam e falam: a Graça Filmes é uma empresa cristã, mas só pensa em dinheiro”.
Embora existam blogs e fóruns que dizem ser contra a pirataria e que só estão divulgando o material ou tentando edificar as pessoas, Ygor acredita que eles estão enganados, pois dizem estar “fazendo o bem, mas não estão”. E acrescenta que um cristão não deveria comprar nem baixar CDs e DVDs piratas, pois quem faz isso “está amaldiçoando sua própria vida”.
Marcelo Valim da Comev (Comunicações Evangélicas) acredita que as empresas cristãs precisam insistir na conscientização de que a pirataria é ilegal, e um pecado, pois para ele “quem faz isso está roubando todos os profissionais que trabalham para que o material ficasse pronto”.
O pastor David Scherdien Santos, da Igreja Batista da Comunhão, entende que os cristãos deveriam apoiar o SOPA. “Estamos tão acostumados a furtar dados, programas, jogos, músicas, vídeos e outras ‘internetcálias’ que ficamos furiosos porque agora querem nos furtar a liberdade para furtar”.
Ele, que também é advogado, critica essa atitude comum do brasileiro “O que queremos, na verdade, é que os artistas e tudo o mais que baixamos, de graça, sejam nossos bobos da corte da atualidade. Nos divirtam do jeito e quando quisermos… Aí, alguns dizem: “ele deveriam cobrar mais barato”. É… também somos bons em colocar preço no que é dos outros”.
O articulista Carlos Roberto Martins de Souza é ainda mais enfático “desafio não apenas os líderes evangélicos, mas todo o povo de Deus para abraçarem o combate a este ato criminoso, pois se “protestamos contra o pecado” como vamos agora fazer vista grossa a tais acontecimentos no nosso meio, ou será que a Igreja aderiu ao sistema de dois pesos e duas medidas?”
Fonte: Gospel Prime
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