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ETIÓPIA (43º) - Uma nova onda anticristã acontece na região rural oeste da Etiópia há quase uma semana, onde pelo menos um cristão foi morto e outro ferido. Em um ataque em massa de extremistas islâmicos, 59 igrejas e pelo menos 28 casas foram incendiadas conforme líderes cristãos relataram à agência de notícias Compass Direct.
Como resultados dos ataques, mais de 4.000 cristãos de Asendabo, uma região da importante cidade etíope de Zona Jimma, foram obrigados a deixar suas casas. Fontes locais afirmam que o início dos conflitos se deu no dia 2 de março, depois que muçulmanos acusaram um cristão de profanar o Alcorão e de rasgar um exemplar do livro sagrado.
"A atrocidade ainda continua e as pessoas estão sofrendo", declara uma fonte da capital Addis Abeba, que mantém contato com os líderes da Igreja local.
Apesar de não ter sido ainda identificado, acredita-se que o cristão morto é um membro da Igreja Ortodoxa Etíope.
Em declaração ao Compass, um líder da igreja etíope afirma que "um cristão ortodoxo, cuja filha integra a Igreja Mekane Yesus, foi morto. Pastores e ministros estão feridos e muitos cristãos foram deslocados."
Autoridades
Na capital do país, um pastor afirma que líderes evangélicos têm relatado os ataques e pedido às autoridades oficiais ajuda, mas nenhuma providência foi tomada até o momento.
“A igreja pediu proteção de mais policiais”, disse ele. “As autoridades enviaram forças de segurança, e estes ficaram impressionados com os ataques.”
A destruição que começou na zona rural de Asendabo, na região de Oromia, a 300 quilômetros da capital, se espalhou para Chiltie, Gilgel Gibe, Gibe, Nada, Dimtu, Uragay, Busa e Koticha, e se dirige à cidade de Jimma.
O pastor diz que os ataques contra os cristãos estão seguindo na direção da maior cidade do sudoeste do país e têm acontecido do mesmo modo: grupos reúnem milhares de muçulmanos extremistas e promovem agressões.
As regiões de Ako, Jimma, Dimtu e Derbo, têm servido como abrigo a muitos cristãos.
Os ataques
A Igreja Etíope Kale Hiwot (EKHC, sigla em inglês) teve o seminário e dois edifícios do escritório da igreja destruídos. Além dela, outras igrejas foram queimadas: 38 pertenciam à EKHC, 12 edifícios à Mekane Yesus, seis à Adventista do Sétimo Dia, dois edifícios à igreja Muluwongel, e outro pertencia à congregação "Only Jesus".
Segundo o pastor, “as mulheres e as crianças são as mais afetadas neste ataque súbito”. "É desnecessário mencionar que casas e propriedades de cristãos foram incendiadas... O custo total estimado pode chegar a mais de 3,55 milhões de dólares americanos.”
Constituição
De acordo com o Departamento de Estado Americano, o Relatório Internacional de Liberdade Religiosa de 2010 informa que a Constituição da Etiópia, suas leis e políticas em geral, respeitam a liberdade de religião, mas, ocasionalmente, algumas autoridades locais violam este direito.
Segundo o censo de 2007, 44% da população da Etiópia da Igreja Ortodoxa Etíope, 19% são evangélicos e pentecostais e 34% são muçulmanos sunitas.
Apesar de a Constituição respeitar a liberdade religiosa, em 2006 a história com os cristãos não foi diferente:eles foram vítimas de violentos ataques no oeste da Etiópia e 24 pessoas morreram.
"Os ataques à igreja têm sido uma ocorrência comum em áreas predominantemente muçulmanas da Etiópia como Jimma e Jijiga", lamenta a fonte que pediu para não ser identificada. “Os cristãos são vítimas de assédio e intimidação.”
Os violentos combates eclodiram igualmente na fronteira do Quênia, da Etiópia e da Somália. Muitas vítimas e centenas de desabrigados surgiram quando as tropas etíopes tentavam repelir os soldados extremistas islâmicos da Al Shabaab de Bulahawo, na Somália, perto de Mandera, no Quênia.
Tradução: Carla Priscilla Silva
Fonte: Compass Direct
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