Antropólogo denuncia perseguição a pajés na Amazônia
Os índios de diversas etnias que vivem no interior do Estado do Amazonas seriam os mais atingidos. Ramos diz que essa interferência dos religiosos está descaracterizando o índio.
Ao falar sobre o que ele tem visto, Ademir Ramos comenta que há duas formas dos missionários interferirem na cultura local, a primeira é de fora para dentro, enfraquecendo a tribo com a criação de chefes espirituais.
“Outra transformação é de fora para dentro e considero o modo mais perigoso. A segunda estratégia utilizada é abstrair a liderança dos povos indígenas para assumir esta liderança local. Com a perseguição e a evangelização, a consequência é organizar outra linhagem cultural”, explicou o antropólogo.
Ramos atua como coordenador do Núcleo de Cultura Política do Amazonas (NCPAM) e relata também que na região do rio Solimões, as igrejas estariam perseguindo pajés enquanto que na calha do rio Negro as igrejas, de diversas confissões, estariam disputando as aldeias.
“Há a demarcação, tendo de um lado os católicos e de outro os evangélicos. A religião é o constitutivo da cultura indígena e a questão mais grave está no Solimões. Na região, há messiânicos, evangélicos de diversos credos e católicos, entre outros, todos em áreas demarcadas. E ainda tem a presença de israelitas”, disse.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica, nega que haja perseguição aos pajés. “Nossa postura é de valorização destes líderes. O lema é trabalhar com a perspectiva da vida e da vida em abundância. Com isso, a cultura própria é conservada. Sabemos da importância da reprodução das crenças indígenas e do papel primordial do pajé”, disse Francisco Loebens do Cimi Regional Norte 1.
A Ordem dos Missionários Evangélicos do Amazonas (Omeam), através do pastor José Soares, secretário da instituição, também nega as acusações do antropólogo dizendo que tal afirmação “não tem fundamento”.
Fonte: Gospel Prime
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