A luta da igreja da China para acabar com o aborto
99% das igrejas não ensinam que aborto é pecado, afirma missionária
Enquanto
no Brasil o tema do aborto é debatido na frente política, com uma firme
postura da bancada evangélica sobre o assunto, as igrejas evangélicas
de modo geral não fazem campanhas sobre o tema.
Por outro lado, os
católicos vieram repetidas vezes a público tratar do assunto nos
últimos anos, usando-o como tema na edição da Campanha da Fraternidade
de 2008. Como este é um assunto que veio a tona fortemente nas últimas
eleições presidenciais, espera-se que o mesmo ocorra em 2014.
Do
outro lado do mundo, na China, o aborto não é apenas uma política
pública: é lei. As famílias chinesas não podem ter mais de um filho.
Embora tenha afrouxado recentemente, os impostos pagos por quem tem um
segundo filho são exorbitantes. O que fazer caso a esposa engravide? Ou
se for uma mãe solteira? O aborto por lá é “tão comum como a água
potável”, afirma uma missionária que trabalha na região.
Oficialmente,
são cerca de 13 milhões de bebês mortos no ventre a cada ano, sem
dúvida o índice mais alto do mundo. Mark Li (nome fictício), o
missionário americano que fundou a CLA, afirma que o número real,
incluindo abortos não declarados chega perto de 30 milhões.
Na
China, o aborto é visto como apenas um método de controle de natalidade,
com anúncios em ônibus e outdoors, divulgando procedimentos rápidos,
baratos e sem dor. Como tudo é controlado pelo governo naquela nação, a
maioria das igrejas são vigiadas de perto pelo partido comunista e
simplesmente não falam sobre o assunto.
Mesmo a imensa rede das
chamadas “igrejas subterrâneas”, que operam à margem do controle
estatal, ignora o assunto. Nos últimos anos, os cristãos chineses estão
começando a tomar uma posição diferente, fazendo do ensino sobre o
aborto no púlpito uma prática comum. Além disso, trabalham com as
mulheres para encontrar formas de proteger a vida dos bebês não
nascidos.
Em grande parte, há um desconhecimento sobre a
verdadeira natureza do procedimento abortista, pois isso já faz parte da
cultura chinesa. Mas o trabalho de missionários estrangeiros nos
últimos anos está mudando a maneira como os cristãos veem a vida no
útero.
Segundo o grupo pró-vida China Life Alliance (CLA), cerca
de 1% de todas as igrejas na China já ouviram o que a Bíblia tem a dizer
sobre a origem da vida. Este e outros grupos similares têm feito
palestras de esclarecimento a tantas igrejas quanto for possível, uma
tarefa difícil considerando-se as perseguições aos “cristãos ilegais”.
Os
relatos é que existe uma onde de arrependimento, reforçado pelo estudo
do que a Bíblia diz sobre a santidade da vida. Se 99% das igrejas não
ensinam que aborto é pecado, quando ensinam é inevitável ouvir de algum
membro da congregação testemunhos sobre a prática. A angústia das
famílias é sempre a mesma: Deus poderá me perdoar?
Na China, a
educação sexual não é ensinada na escola, pois os professores têm
vergonha de falar sobre isso. Os pais também não costumam falar com seus
filhos sobre sexo, então as crianças sabem pouco sobre sexo e
reprodução.
Como resultado, mais de 70% dos chineses praticam sexo
antes do casamento. Para as meninas solteiras que engravidam, o aborto
parece ser a única opção. Mães solteiras trazem vergonha para as
famílias, então os pais pressionam suas filhas para abortar. Se a mulher
insiste em manter seu bebê, poderá perder o emprego, ser expulsa da
escola e terá dificuldade de se casar no futuro.
Além disso, a
criança não receberá o hukou, registro oficial que é exigido para se
frequentar a escola, fazer viagens ou conseguir um emprego. Entregar
para a adoção é difícil, já que a prática é restringida pelo
governo. Assim, a melhor solução para o “problema” é o aborto.
Peter
Wang (nome fictício), um pastor idoso, que agora passa a maior parte de
seu tempo falando sobre aborto nas igrejas, conta que durante muito
tempo pastores não ensinavam que o aborto é errado ou pecado. Eles
simplesmente nunca foram ensinados sobre o assunto, explica Wang. Esse
não é o único tema que é ignorado, afinal o comércio de Bíblias é
proibido e a maioria prega a partir da tradição ou dos poucos que
conhecem de cor as Escrituras.
Quando o CLA iniciou em 2010 uma
rede de “casas de abrigo” para mulheres grávidas, criou também uma
equipe de resgate para impedir abortos, além de um ministério cristão de
apoio judiciário. Eles contam que até agora cerca de 20.000 igrejas já
ouviram a mensagem pró-vida, e cada uma delas consegue evitar de 2 a 5
abortos por ano.
Sarah Huang (nome fictício), uma pastora que está
envolvida em tempo integral com a CLA conta que quase abortou sua filha
em 2012. Quando entendeu a importância do assunto, passou a desafiar as
igrejas para ajudarem as famílias que lidam com o dilema.
Jonny
Fan (nome fictício), pastor no norte da China, conta imprimiu no ano
passado cerca de 50.000 panfletos explicando o que é o aborto. Quando
membros de sua igreja começaram a distribuí-los, policiais locais
chegaram a prender e espancar alguns deles. Mas o trabalho continua.
O
CLA calcula que 8.200 pastores pregaram sobre o aborto em suas igrejas
este ano. Aos poucos o cenário vai mudando em uma nação onde a
desinformação é a principal arma para o governo manter o seu poder. A
maioria das pessoas das áreas mais pobres não tem acesso à internet, por
exemplo e num território de dimensões continentais, a maior parte do
esforço é feita por pessoas sem muitos recursos, mas com a convicção de
que esse é um assunto que deveria ser tratado pela igreja, pois diz
respeito a um dos pilares da fé: a vida é dom de Deus.
Com informações Christian Headlines
Fonte: Gospel Prime